O seminário Nacional da 6ª Semana Social Brasileira, realizado no último dia 23 de outubro, no período da tarde apresentou o escopo da proposta do projeto Nacional "O Brasil que queremos: o bem viver dos povos" e os trabalhos em grupos dos mais de 500 participantes
Por Ilanyr Felipe | 6ªSSB/Cursos
“Assim gosto de vos chamar, ‘poetas sociais’. Pois sois poetas sociais, porque tendes a capacidade e a coragem de criar esperança onde só aparecem o descarte e a exclusão. Poesia significa criatividade, e vós criais esperança. Com as vossas mãos sabeis como forjar a dignidade de cada pessoa, das famílias, e da sociedade como um todo, com terra, casa e trabalho, cuidados e comunidade”, foi com essa mensagem do papa Francisco, ao Movimentos Populares, realizado no último dia 16 de outubro, que se iniciou o segundo momento do Seminário Nacional da 6ª Semana Social Brasileira (6ª SSB), ocorrido no dia 23 de outubro, em Brasília, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em seguida a secretária executiva da 6ª SSB, Alessandra Miranda e o assessor metodológico, João de Jesus fizeram memória das últimas cinco semanas, temas, finalidade, resultados e desafios das Semanas Sociais Brasileiras. Segundo João de Jesus, há um impasse entre o Brasil que temos e o Brasil que queremos: “O Brasil que temos há ameaças sobre os territórios tradicionais; exploração crescente no mundo do trabalho; impactos sobre as mulheres; movimentação por outra sociedade e economia popular solidária como projeto de sociedade”. No Brasil que queremos João fez um resgate das últimas cinco SSB’s que trabalharam a luta por uma “radicalização da democracia; construção coletiva; cidadania ativa e inversão de prioridades; mutirão por um novo Brasil; democracia direta; soberania; trabalho como fonte de valorização pessoal; cidades humanizadas; terra como patrimônio comum da humanidade; economia a serviço da vida; democratização dos meios de comunicação social; educação, cultura e saúde como direitos de todos”.
Destacou ainda as tarefas urgentes e irremediáveis, bem como: ressignificar os valores: a solidariedade, a generosidade, a partilha e a ética; socializar as experiências que alimentam a luta e a esperança; valorizar a comunicação alternativa; fortalecer os fóruns que aglutinam pastorais ou movimentos afins; valorizar todo tipo de novos atores sociais. Por fim, fez memória dos seus eixos discutidos em Assembleia Popular desde 2010.
Alessandra Miranda ressaltou a dimensão do animar um processo amplo e plural de resistência, reflexão e incidência para a construção do Brasil que queremos, na perspectiva do bem viver dos povos. Para isso, é muito importante que exista uma mística que dê sentido à vivência do bem viver e da ecologia integral. “Com essa mística que alimenta a vivência na perspectiva cristã, fé, esperança e caridade, podemos partir para uma metodologia que leve a uma práxis de três movimentos: 1) Gesto concreto, criação ou fortalecimento de uma experiência local; 2) Reflexão em torno dos 3Ts [terra, teto, trabalho] e e incidência diante das violações dos direitos nos territórios; 3) Plano de ação para incidência política e para integração entre o local e o global. Assim sendo, seguimos na construção coletiva com um cronograma até 2023”, reforçou Alessandra.
O ponto alto do seminário se deu em um trabalho coletivo. A assembleia foi organizada em grupos, de forma online e trabalharam a temática: quais as principais potencialidades da 6ª SSB até agora, e os desafios para a continuidade da ação? Após a discussão em grupo retomou-se para a assembleia geral, onde foram apresentados os debates. Kelly Mafort, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, retomou os trabalhos dos grupos e fez uma síntese dos debates gerados.
O Seminário foi concluído com um momento de oração em que os coordenadores acenderam uma vela do projeto 10 Milhões de Estrelas, promovido pela Cáritas Brasileira. E por fim, foi realizada a leitura da carta final, leia aqui, a íntegra.
O bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB, dom José Valdeci Mendes conduziu a oração fazendo memória das mais de 600.000 mil famílias vítimas da Covid 19, e de pessoas queridas que já fizeram parte das lutas das Semanas Sociais anteriores. Por fim, ele abençoou a todos os participantes, intercessão de Nossa Senhora Aparecida.