SSB
25/07/2020

Fonte: cnbboeste1.org.br

Esse é o tema da 6ª Semana Social Brasileira, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que deverá ter sua culminância em 2022, pois na verdade já está acontecendo por

meio da realização dos Seminários Regionais e a mobilização de todos os agentes das Pastorais, Movimentos e Serviços da Igreja e agentes dos Movimentos Sociais e Organismos da Sociedade Civil.

No último dia 24 de julho, foi a vez dos Regionais Oeste 1 e 2 iniciarem efetivamente sua caminhada rumo à culminância deste grande projeto de evangelização. Quase 80 pessoas conectadas por uma plataforma, reunidas em uma sala virtual, e mais um grande número de outras que conectadas pelo Facebook escutaram, dialogaram e partilharam a realidade social em que se encontra a humanidade, mas principalmente o nosso País, nossas Comunidades, nossa Igreja.

Nunca como hoje se vislumbra uma desigualdade social tão gritante, onde se construiu um sentimento hostil a tudo que diga respeito à defesa dos direitos da pessoa e de uma  justiça social justa. Atitudes assim, desvirtuam todo esforço para manter fortes os pilares que sustentam qualquer sociedade: a soberania, a democracia e a economia. Quando estes pilares são abalados, a sociedade se torna vulnerável e é constantemente ameaçada por uma política que se alimenta da morte, delimitando inclusive delimita as zonas de sacrifícios. Em nosso caso, o Brasil, essas regiões antropológicas de sacrifícios já estão visivelmente delimitadas: os Povos Originários (Indígenas), as Comunidades Tradicionais (Quilombolas, Ribeirinhos), Grupos Étnicos (população negra), Diversidades de Gênero e de Crenças etc.

Cerca de 80 pessoas participaram do Seminário online dos Regionais Oeste 1 e 2 da CNBB

Em nome de uma economia, que não economiza, mas ao contrário esbanja, vemos ameaçados alguns dos maiores patrimônios naturais da Humanidade, que estão em nosso Território: a Amazônia e o Pantanal, que em nome da Ordem e do Progresso, são devastados de maneira irresponsável, para manter a ambição da elite, que sem nenhuma ética e nem pudor, articula-se nos corredores políticos para beneficiar um mercado desumano e fazer valer as leis de um sistema financeiro voraz, que cada vez mais se sacia com as vidas dos trabalhadores e trabalhadoras, que a cada reforma, se tornam cada vez mais informais e mergulhados na incerteza de um porvir com dignidade, respeito e ética.

Não se pode ir muito adiante como Povo, sem uma Democracia sólida. A democracia garante a beleza da diversidade, enaltece a grande capacidade de transformação da cultura em todos os sentidos, fundamenta a educação, caminho seguro para a construção e defesa de uma Soberania consciente da identificação do seu Povo com a sua Nação.

As Semanas Sociais, são um grande espaço de reflexão sobre os rumos das sociedades em que estamos inseridos. Esta 6ª Semana, reflete o Pontificado do Papa Francisco, que desde seus primeiros dias como Vigário de Cristo, Bispo de Roma e Chefe de Estado do Vaticano, deixou bem clara sua intenção, os pobres, a começar pela motivação para a escolha de seu nome. Foram eles, que lhe conferiram o nome de Francisco, e a Igreja nestes tempos tão difíceis tem sabido corresponder a esta indicação do Espírito Santo. A Igreja jamais deverá suprir o Estado, mas lá onde este é maldosamente negligente, ela precisa ser profeta, que denuncia os malefícios das ações de morte, e anuncia caminhos alternativos, que salvam vidas, resgatam a dignidade das pessoas, e lhes oferece motivações para continuarem acreditando no triunfo do Reino de Deus e da sua justiça.

E para continuar nesta construção da 6ª Semana Social, o nosso Seminário, nos deixou com lição de casa, que cada Regional deverá resolver até 2022:

  1. Como pensar o futuro das famílias sem o acesso ao trabalho?
  2. O que fazer para que o conceito de teto seja entendido não como um telhado, mas como proteção do outro em sua dignidade de pessoa e filho de Deus?
  3. Qual será o gesto verdadeiramente profético, que como Igreja deveremos fazer para garantir que a 6ª Semana não seja só mais um evento, principalmente garantindo que os Povos Originários e Tradicionais não sejam vilipendiados e expulsos de seus territórios tradicionais?
  4. Que atitude a Igreja deve ter para defender os grupos tidos como “minorias” promovendo sua inserção no seu fazer pastoral quotidiano?

São compromissos, que a Igreja não pode pensar em realizar sozinha, num gueto religioso- espiritual. A profecia exige saída, ir ao encontro. E o nosso Seminário foi tão rico e expressivo, porque não foi um momento  só de fiéis orantes, a sua riqueza foi muito maior, porque conosco estavam representantes de Movimentos Sociais e Organismos da Sociedade Civil, que defendem a vida e a dignidade das pessoas.

A 6ª Semana Social responderá aos gritos atuais, tanto quanto se voltar em construir um caminho de unidade na diversidade. E assim, como Igreja entraremos definitivamente num processo de verdadeira conversão, atendendo ao apelo do Papa Francisco quando nos diz: “se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida. Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer (Mc 6, 37)’”.

E encerramos com um apelo que veio muito forte do Seminário: “precisamos, que Bispos, Padres, Diáconos, Religiosos e Religiosas sejam parceiros dos Leigos e Leigas engajados na sociedade para que o Reino de Deus triunfe, e o Evangelho se torne critério ético e moral na construção de políticas que defendam a dignidade vida, onde a justiça seja imparcial e trate todos com igualdade”.