A articulação da 6ª Semana Social Brasileira, Região Sul do Brasil, encontrou-se para dialogar sobre a proposta metodológica para a construção do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos Povos”
Por Ilanyr Felipe e Osnilda Lima | 6ªSSB
Ocorreu no último sábado, 19 de fevereiro, no formato on-line, o encontro das Pastorais e Movimentos Sociais, da Região Sul do Brasil. A atividade contou com a participação do grupo que articula a 6ª Semana Social Brasileira (6ªSSB), nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande Sul. Encontram-se cerca de 53 poetas, poetizas sociais, como diz o papa Francisco: “É assim que gosto de chamar vocês [...] porque têm a capacidade e a coragem de criar esperança onde só aparece rejeição e exclusão. Poesia significa criatividade e vocês criam esperança”, e mais, são: “Samaritanos Coletivos”.
Após a acolhida dos/as participantes, Alex Barbosa, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), conduziu o momento de oração motivado pelo Ofício Divino das Comunidades. Em seguida, dom Silvio Guterres Dutra, bispo da Diocese de Vacaria (RS), e referencial da Comissão Episcopal Pastoral para a ação Sociotransformadora do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), recordou a tragédia, em Petrópolis (RJ), provocada pelo temporal do dia 15 de fevereiro. O bispo recordou algumas falas de pessoas em relação ao que dizem sobre Deus, face a esse drama, cujo último balanço aponta para 176 pessoas mortas e milhares de desalojadas. Afirmações como: “Deus quis, é vontade de Deus, Deus me salvou”. Diante disso, dom Sílvio ressaltou: “Não nos identificamos com o Deus da resignação, nem o Deus que protege a uns, e outros não”.
Alessandra Miranda, secretária executiva da 6ª SSB, motivou para a partilha das ações realizadas nos territórios dos Regionais Sul 2, 3 e 4 da CNBB. Edson André Cunha Thomassim (Edinho), do Regional Sul 3 (Rio Grande do Sul) partilhou as três fases das ações da 6ª Semana Social no regional, as campanhas, formações e semanas de ativismos. Segundo o padre, neste momento, a pauta de luta é contra a fome e a carestia. Dirceu Luiz Fumagalli, do Regional Sul 2 (Paraná), falou da estruturação a constituição da equipe ampliada, com reuniões periódicas. Segundo Dirceu, o diálogo foi feito com o episcopado, pastorais e comunidades. Também realizaram seminários com a temática de terra, trabalho e a moradia, com desdobramentos nas dioceses. Carla Oliveira Guimarães, do Regional Sul 4 (Santa Catarina), contou que organizaram seminários na região e trabalharam os eixos (economia, democracia e soberania) e os três “Ts” (terra, teto e trabalho).
Na sequência, Alessandra fez memória do acúmulo dos 30 anos das Semanas Sociais desde 1991 e apresentou a proposta metodológica para a construção do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos povos”. A secretária afirmou que não é uma metodologia estanque, fechada, mas que cada regional, dentro de um processo de conjuntura territorial poderá fortalecer a proposta, a partir dos desafios e potencialidades, desde as características da realidade de cada regional, em relação às sugestões que a executiva nacional da 6ª SSB, indica:
- Indicação dos principais dados sobre a realidade da Terra/Território.
- Indicação dos principais dados sobre a realidade do Teto.
- Indicação dos principais dados sobre a realidade do Trabalho.
Também sugere seguir as seguintes provocações:
- Quais os sinais e as experiências de resistência popular no território?
- Indicar duas formas de resistência popular em relação ao trabalho.
- Indicar duas formas de resistência popular em relação ao teto.
- Indicar duas formas de resistência popular em relação ao terra/território.
Por fim, indicar também as rotas de mudança:
- Que propostas ou rotas de mudança na realidade regional estão sendo apontadas em relação aos temas da 6ª SSB.
- Indique as principais propostas ou rotas de mudança sobre a realidade da terra/território.
- Indique as principais propostas ou rotas de mudança sobre a realidade do teto.
- Indique as principais propostas ou rotas de mudança sobre a realidade do trabalho.
No diálogo seguinte, os/as participantes falaram sobre a percepção do projeto e da proposta metodológica. Nas ressonâncias, levantaram-se preocupações para a articulação e realização do projeto, dentro de um processo de sinodalidade, como elemento que poderá ajudar a fazer diferente junto às lideranças, abrindo caminhos proféticos e favorecendo a possibilidade de os/as leigos/as de realizarem a missão nas diversas realidades do Brasil. Surgiram propostas de criação de grupos para elaboração de roteiros para favorecer a formação das bases populares.
Por fim, Alessandra apresentou o instrumental de trabalho, o Caderno 6, lançado em janeiro de 2022, que norteará o processo da 6ª semana social na construção do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos Povos”.
O que são as Semanas Sociais Brasileiras?
As Semanas Sociais Brasileiras são uma convocação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora. É realizada de forma coletiva com as Pastorais Sociais, Igrejas Cristãs, Inter-religiões, Movimentos Populares, Associações, Sindicatos e Entidades de Ensino: na pluralidade cultural e étnica do Brasil e articula as forças populares e intelectuais para o debate de questões sociopolíticas do país, para uma ação Sociotransformadora. Nesta 6ª edição (2020-2023) o tema debatido é o “Mutirão pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho”, com a proposta da construção do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos Povos”.