Em nota, CPT-Regional Maranhão denuncia assassinato de quilombola na comunidade Cedro, em Arari-MA e repudia a omissão do governo estadual frente a escalada de violência no campo. O estado registrou o maior número de assassinatos no campo em 2021
No dia 08 de janeiro de 2022, o quilombola José Francisco Lopes Rodrigues (55), faleceu no hospital Socorrão 2, em São Luís-MA, vítima de atentado ocorrido cinco dias antes, na comunidade Cedro, em Arari-MA. Na ocasião, o senhor José, conhecido como Quiqui e sua neta de apenas dez anos, foram baleados por um atirador que estava escondido em sua residência.
Segundo informações do Fóruns e Redes de Cidadania, os quilombolas foram encaminhados para atendimento médico logo após o atentado. Francisco foi atingido na região do tórax e submetido a procedimento cirúrgico ainda na madrugada,permanecendo em estado grave. Já sua neta, teve os primeiros cuidados médicos e encontra-se fora de risco de morte.
Os conflitos agrários no município de Arari têm se intensificado nos últimos dois anos, registrando cinco assassinatos entre 2020 e início de 2022. Todos os mortos são militantes do Fóruns e Redes de Cidadania, que lutavam contra os cercamentos dos campos naturais por latifundiários e grileiros da região, que fazem uso predatório das áreas de uso comum de territórios tradicionais e camponeses para o monocultivo de arroz transgênico e criação de búfalos.
Em nota, a Comissão Pastoral da Terra - Regional Maranhão, denuncia o assassinato de José Francisco e repudia a omissão do governo estadual frente a escalada de violência no campo.
Confira:
Violência no Campo - Quilombola é assassinado na Comunidade de Cedro, município de Arari, MA.
A Comissão Pastoral da Terra - Regional Maranhão, se solidariza com a família de José Francisco Lopes Rodrigues, o Quiqui, como era conhecido em sua comunidade. Mais uma vítima do grave conflito que ocorreu na comunidade Cedro, em Arari-MA.
Seu Francisco foi baleado por pistoleiros no dia 03 de janeiro de 2022, em sua própria residência, não resistindo e vindo a óbito cinco dias depois, no dia 08 de janeiro. Este que é o quinto quilombola assassinado na região da baixada maranhense nos últimos dois anos, vítimas de crime de pistolagem, a mando de latifundiários e grileiros.
Repudiamos e nos indignamos com a falta de compromisso pela vida dos povos do campo, exercida pelo Governo do Maranhão, e desempenhada pelo agro-minero-pecuária-negócio, destruindo os territórios e a natureza, guardada pelos camponeses e povos tradicionais.
O Maranhão está marcado por violência, criminalização de movimentos sociais, assassinatos de lideranças e ataques a defensores e defensoras dos direitos humanos. Somente em 2021, nove pessoas foram mortas em conflitos por terra no estado, segundo dados da CPT Nacional. Esse número coloca o Maranhão como o estado com o maior número de assassinados no ano.
Nos somamos com os companheiros e companheiras do Fóruns e Redes de Cidadania, que são perseguidos, criminalizados e assassinados, na denúncia destes graves crimes que parecem irremediáveis para as autoridades do Estado.
"Ai dos que convertem a justiça em veneno e arrastam pelo chão o direito. (Am 5, 7)"
Maranhão, 10 de janeiro de 2022
Comissão Pastoral da Terra
Regional Maranhão