Texto Pe. Tiago Barbosa, Pascom Sul 1 da CNBB e 6ªSSB
Fotos Nívea Martins, CáritasBr e 6ªSSB
A celebração da Missa abriu o último dia do evento eclesial que, em Brasília, conclui o processo da 6ª Semana Social Brasileira (SSB). Por meio de um itinerário coletivo, desde 2020, milhares de agentes, em todo país, construíram um “Mutirão pela Vida – por Terra, Teto e Trabalho”, como sugere o tema da sexta edição.
À luz da missão do profeta Jeremias, de “anunciar a bondade de Deus e denunciar toda maldade e injustiça que quebram a aliança com Deus e ameaçam a vida”, disse na homilia, dom João Aparecido Bergamasco, bispo diocesano de primavera do Leste – Paranatinga–MT e membro da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora (CEPAST) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Na afirmação que o anúncio é de Jesus Cristo, evocando a fidelidade a Deus e à missão, o bispo motivou os 150 participantes a trilharem o caminho da esperança diante das dificuldades e desafios que o trabalho das pastorais sociais proporciona.
“Estamos na culminância e no deslanchar da Semana Social”, enfatizou Frei Olávio Dotto, assessor da CEPAST, ao motivar a eleição de duas grandes prioridades e um exercício de trabalho em rede das Pastorais Sociais com os movimentos populares parceiros que, em todo o território, defendem a vida e criam possibilidade que garantam Terra, Teto e Trabalho às populações.
Divididos em grupos de reflexão, o final da manhã foi marcado pela plenária dos grupos. Sobre “Soberania e Democracia”, o fortalecimento da democracia participativa com enfrentamento ao fascismo e da extrema-direita e luta pela democratização da comunicação com regulamentas das redes sociais e apoio a comunicação popular e comunitária foram apresentados pelo grupo. “Não existe soberania sem democracia”, destacou Gleice Klecia Leite Santos, da Cáritas do Regional Nordeste 3 da CNBB, ao apresentar a síntese.
No que tange a “Economia”, a grande inspiração dos participantes da reflexão se centrou na proposta de uma reforma tributária coerente e na elaboração de um orçamento participativo na gestão pública.
Na dimensão do “Teto”, a formação para lideranças populares para serem protagonistas na busca de políticas públicas e diretrizes de moradia, aproveitando espaços que já existem no âmbito eclesial para isso foi apontada pelos membros do grupo de reflexão. A presença eclesial junto às periferias e favelas foram observadas também essenciais para a efetivação de ações concretas.
O grupo que se dedicou à “Terra” elaborou uma reflexão sobre a pastoral orgânica enquanto valorização da sinergia própria de cada dimensão das pastorais sociais e movimentos populares. Enquanto prioridade, as políticas públicas que valorizem os biomas e o convívio fraterno, e a efetivação de projetos educativos que superem a lógica de mercantilização da vida foram indicadas.
Sobre o “Trabalho”, a precarização do trabalho e o trabalho escravo, com destaque às condições femininas, foram expostos para a criação de registros e categorizações de mapeamento, juntamente com o fortalecimento da economia solidária. A defesa da criação de um sistema universal de proteção social foi nomeada também como fruto da 6ª SSB.
“Precisamos de um Brasil para os brasileiros”, contribuiu o bispo diocesano de Lages–SC, dom Guilherme Antônio Werlang, a partir do debate da plenária.
Numa síntese da manhã, “articulação, formação e organização” foram destacadas por Eliane de Moura Martins, do Movimento Brasil Popular, como as palavras que todos os grupos apresentaram. “Nossa luta não é armada, acreditamos na construção popular e construtiva para que a elevação da consciência política cresça”, disse ela ao reafirmar em plenária a valorização da fé diante do grau de violência que, muitas vezes, as populações são submetidas e observou que o engajamento da tradição cristã é essencial para a busca da dignidade de vida.
A pressão e o esgotamento dos agentes das Pastorais Sociais foram indicados também na busca de unidade e superação da falta de integração entre os pares. “Vamos e vamos com coragem encontrar o caminho revigorante de continuidade de nossa opção preferencial aos pobres, finalizou Eliane.