Após quase 3 anos sem encontros presenciais, as pastorais sociais do Paraná se reuniram em Londrina, nos dias 1 a 3 de julho, com a presença de 44 agentes das dioceses e coordenações regionais. 14 das 18 dioceses do regional enviaram representantes para o encontro que teve como pauta principal, o tema da 6ª Semana Social Brasileira (6ª SSB): “Mutirão pela vida: por terra, teto e trabalho”.
Na sexta-feira, dia 01, à tarde, aconteceu a reunião das coordenações regionais das pastorais sociais, da qual participaram representes das seguintes pastorais e organismos: Comunidades Eclesiais de Base, Comissão Pastoral da Terra, Caritas Paraná, Pastoral Operária, Pastoral Carcerária, Serviço Pastoral dos Migrantes, Pastoral da Criança, Pastoral Afrobrasileira, Pastoral da Pessoa Idosa, Pastoral da Saúde e Pastoral da Juventude. As pastorais partilharam suas ações e dificuldades nesse período de retomadas de atividades presenciais, ainda no contexto da pandemia.
Sábado, deu início ao encontro sobre a 6ª Semana Social Brasileira, com a liturgia do Ofício Divino das Comunidades, destacando os 3 Ts (terra, teto, trabalho). Após apresentação dos participantes e a programação do encontro, continuou-se com a partilha da realidade das pastorais nas dioceses, por províncias, que reuniram em grupos, em seguida partilhado na plenária.
O arcebispo de Londrina e presidente do Regional Sul 2 da CNBB, dom Geremias Steinmetz, esteve presente para uma saudação e acolhida, destacando a importância da articulação das pastorais sociais e a realização da 6ª SSB.
A programação foi organizada com painéis formativos, atividades de discussão e reflexão em grupos e espiritualidades.
No primeiro painel, sobre: “Retrospectivas da 6ª SSB no Paraná”, Jardel Lopes, membro da Coordenação da Pastoral Operária e da Coordenação estadual e nacional da 6ª SSB, retomou a história das Semanas Sociais Brasileiras (SSB), que já tem 30 anos de caminhada, e destacou alguns frutos desse trajeto. A SSB é um processo que articula diferentes ações com pastorais e movimentos populares que geram outros processos de organização e articulação. Dentre os frutos das SSBs, destacam-se: o Grito dos/as Excluídos/as, o plebiscito contra a Alca, a Rede Jubileu Sul Brasil, as assembleias populares, plebiscito da dívida pública, dentre outras contribuições com a Igreja e a Sociedade, entre outros.
Em seguida falou do “caminho da 6ª SSB no Paraná”, desde 2020, com formações em nível de regional e nas dioceses, a realização de 3 seminários virtual, sobre terra, teto e trabalho. Também a articulação com escuta e formação com pastoral e grupos que atuam com o povo em situação de rua. No primeiro semestre deste ano, 2022, aconteceu a escuta sobre “o Brasil que temos”, a partir de um instrumental disponibilizado para todas as dioceses e pastorais. Mas, ainda há dioceses e pastorais que não fizeram nenhuma atividade de reflexão ou ação sobre a 6ª SSB. Para o segundo semestre, deve-se concentrar na apresentação de propostas sobre “o Brasil que queremos”, para construção do Projeto Popular para o Brasil. Todas as dioceses e pastorais podem participar.
O segundo painel foi trabalhado pelo Pe Leomar Antônio Montagna, sobre as “perspectivas políticas-econômicas-teológicas pastorais dos 3Ts”. O padre, da Arquidiocese de Maringá, destacou que o Papa Francisco diz “não a uma economia de exclusão e fala explicitamente contra o capitalismo que gera uma globalização da indiferença”.
No terceiro painel, sobre o “Projeto Popular para o Brasil: o bem viver dos povos”, os grupos de trabalho, por províncias, discutiram sobre: 1) as principais violações de direitos sobre Terra, Teto e Trabalho no território de nossas dioceses/regional, que devemos denunciar com a 6ª SSB; 2) as experiências, rotas de mudança identificadas sobre Terra, Teto e Trabalho, no território de nossas dioceses/regional como sinal de resistência; 3) Como as dioceses e pastorais podem se organizar para contribuir com o Projeto Popular “O Brasil que queremos?”
Na primeira pergunta, destacou a construção de hidrelétricas, afetando as comunidades e o meio ambiente; a expulsão dos povos indígenas dos seus territórios; as ameaças de despejos das famílias acampadas pelo MST; os ataques do agronegócio à agricultura familiar; ausência e condições precárias de moradias; política estrutural de precarização do trabalho; desemprego e trabalho informal; exploração de trabalho nos frigoríferos; o trabalho forçado dos catadores de material reciclável; aumento pessoas em situação de rua.
Na segunda pergunta, o que mais marcou foi: a resistência, as formações, a economia popular solidária, cursos de pré-vestibular/enem para negros/as, ocupações populares urbanas, escola de fé e política, jornada de agroecologia, hortas comunitárias urbanas, as pastorais sociais, a solidariedade com atendimentos emergenciais às familias com cestas básicas, a participação em conselhos de direitos.
Na terceira pergunta os grupos vão realizar: parcerias para ampliar o debate (extra-eclesial); discutir sobre o projeto popular para o Brasil nas dioceses (sobretudo naquelas que ainda não fizeram nenhuma atividade/discussão), implantar pastoral da ecologia, fazer formação com as pastorais sociais das dioceses, aproximação com os movimentos populares, Grito dos excluídos, romaria da terra.
No quarto painel, na manhã de domingo, Jardel Lopes e Pe Leomar falaram sobre os “Eixos da 6ª SSB: Democracia-Soberania-Economia”, com ênfase maior na democracia: apresentação do caderno Encantar a Política; cartilha de Orientação Política da CNBB Sul 2 e 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas.
Para complementar esse painel, a plenária se organizou em grupos por províncias para discutir e sugerir formas de aplicar os 3 materiais nas dioceses. O encontro encerrou ao meio dia do domingo, dia 3, com a celebração da Eucaristia.
As Semanas Sociais Brasileiras (SSB’s) são dinamizadas pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e constituída pelas Pastorais Sociais e Organismos da CNBB, Movimentos Populares, Igrejas Cristãs, no diálogo inter-religioso, Associações, Sindicatos e Entidades de Ensino, na pluralidade cultural e étnica do Brasil, num debate sociopolítico e socioambiental, para uma atuação sociotransformadora.
Nesta 6ª edição da SSB – iniciada em 2020 e segue até 2023 – o tema pautado é o “Mutirão pela Vida: por Terra, Teto e Trabalho”, com a proposta de construção do Projeto Popular “O Brasil que queremos: o Bem Viver dos Povos”, a partir dos acúmulos das cinco edições anteriores, há 30 anos.