Representantes dos grupos de trabalho

Texto Pe. Tiago Barbosa, Pascom Sul 1 da CNBB e 6ªSSB
Fotos Nívea Martins, CáritasBr e 6ªSSB

Sob a orientação de Alessandra Miranda, secretária-executiva da 6ª Semana Social Brasileira (6ªSSB), os 150 participantes do encerramento do processo da 6ª Semana Social Brasileira (6ªSSB) se reuniram na Casa de Encontro Dom Luciano Mendes de Almeida, em Brasília–DF, no dia 21 à tarde. Eles debateram sobre os temas dos grupos de reflexão realizados pela manhã, visando a elaboração de um projeto popular intitulado "O Brasil que queremos: O Bem Viver dos povos", que aborda as aspirações do Brasil nas áreas de Teto, Terra, Trabalho, Economia, Soberania e Democracia.

Alessandra Miranda, secretária-executiva da 6ª Semana Social Brasileira

Em plenária, representantes dos grupos apresentaram o conteúdo desenvolvido pelas lideranças de todo o país no período da manhã na perspectiva de diálogo e interação entre os pares no Mutirão Nacional proposto pela 6ª SSB.

No que se refere ao “Teto”, a plenária constatou a necessidade de formação das lideranças populares para serem protagonistas em seus direitos. Neste sentido, as pastorais podem contribuir na elaboração, acompanhamento e fiscalização de políticas públicas num diálogo contínuo de fortalecimento no processo de transformação da sociedade. A maior presença da Igreja com a população da cidade, lembrando, em especial, das periferias e favelas, foi observada pelos participantes. 

A dimensão da “Terra”, encarada a partir do desenvolvimento da economia social e entendida, no contexto atual, como mercadoria num projeto econômico, foi refletida na constatação da ausência de discussão da crise hídrica, biomas, energia, mineração e saneamento básico.

Já no que tange o “Trabalho”, a plenária observou a necessidade da erradicação do trabalho infantil e dos trabalhadores que se expõem aos diversos riscos. A Inteligência Artificial (AI), enquanto supressão do trabalho humano, integrou a discussão que também englobou a seguridade de postos de trabalho para jovens e migrantes.

A apresentação da “Soberania e Democracia” se fixou na inclusão das juventudes negras periféricas nos direitos dos povos e comunidades tradicionais; na situação das pessoas idosas em vulnerabilidade e dos que estão privados de liberdade. Nesta perspectiva, a democratização da comunicação e protagonismo da juventude também foram lembrados.

Na plenária sobre a “Economia”, a reforma tributária justa foi elencada para a reflexão.

Em seguida, com a assessoria do Pe. Dirceu Fumagali, de Londrina–PR, as impressões foram sistematizadas como fechamento dos grupos de reflexão e da plenária. Sobre a moradia, a formação, enquanto direito, foi comentada pelo Pe. Dirceu, bem como a preocupação eclesial com os que sofrem sem a habitação.

Ele também falou dos desafios para com a tecnologia no mundo do trabalho no que tange as mudanças. Sobre a AI, o padre ressaltou que “é uma realidade que vai nos desumanizar”.

A construção de um projeto popular, objetivo do evento eclesial que se encerra amanhã, dia 22, também foi pauta da tarde de hoje. O Pe. Dario Bossi, assessor da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora (CEPAST) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), explicou que Mutirão, proposto pela 6ª SSB, “passo a passo que vem construir nosso projeto popular”.

Pe. Dario Bossi, assessor da Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora

Após elencar sugestões nesta elaboração, o assessor da CEPAST, explicou as características que devem ser levadas em consideração dos participantes, a saber, reconhecer os verdadeiros protagonistas do processo; a partir dos territórios, criar ações que tenham interações e relações mantidas entre os centros urbanos, meio ambiente, população, uso e ocupação do solo; o diálogo eclesial das pastorais sociais com os movimentos populares; instaurar a democracia participativa a partir das bases; a escuta, a formação permanente dos povos e a edificação de uma Igreja que seja samaritana.

“Como diz o Papa Francisco; pensemos em um projeto de desenvolvimento humano integral e correto, focando no protagonismo dos povos”, trouxe o poema de Anselmo Ferreira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Bahia, na conclusão do momento. 

O Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais (CAIS) foi apresentado como ferramenta de qualificação e aprimoramento no acompanhamento das pastorais sociais. “É uma equipe multidisciplinar que com qualificação que pensa a coerência e gestão na totalidade, sem interferir na autonomia das organizações”, disse dom José Reginaldo Andrietta, bispo diocesano de Jales–SP e referencial para a Pastoral Operária Nacional e para a 6ªSSB, que também compõe a diretoria do CAIS.

A elaboração de uma Carta do Mutirão Nacional em apoio à Campanha da Fraternidade (CF) e a Campanha “Contra Violência no Campo” também integraram a agenda da tarde. 

CORAGEM, DETERMINAÇÃO E COMPROMISSO

Dom Mário Antônio da Silva, arcebispo de Cuiabá–MT, segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e presidente da Cáritas Brasileira, participou das atividades desta tarde no encerramento da 6ªSSB.

Aos participantes, ele afirmou que o ideal da SSB “abre os olhos da Igreja e da sociedade para as causas mais nobres do Brasil e de nossos povos”, referindo-se à dignidade da vida que Cristo trouxe ao morrer e ressuscitar por amor à humanidade. 

O bispo presidente da Cáritas convocou os agentes de pastoral a se entregarem generosamente pela causa do Reino de Deus, sempre com os sentimentos de Jesus, “para que todos tenham vida e vida em abundância”, e concluiu motivando a todos: “coragem, determinação e compromisso de abraçar a causa dos que mais necessitam”.