Arquidiocese, dioceses e prelazias do Amazonas e Roraima assumem ações e processos de cuidado e enfrentamento às violências de abusos, exploração sexual e tráfico de pessoas
Por Osnilda Lima | 6ªSSB e Pastorais Sociais
Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende os Estados do Amazonas e Roraima, realiza de 15 a 17 de junho, de 2022, em Manaus (AM), o Seminário “A força do cuidado no enfrentamento às violências: abuso, exploração sexual e tráfico de pessoas”. Participam agentes de pastoral das nove dioceses e prelazias e representantes das coordenações de organismos e redes da Igreja que atuam no Regional. A atividade tem por objetivo favorecer a formação das lideranças e fortalecer o enfrentamento ao tráfico de pessoas na região.
Dom Edson Taschetto Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira (AM) e presidente do Regional Norte 1, relata os problemas na região, elementos que, para ele, favorecem o tráfico humano. “A Amazônia que é imensa e têm desafios enormes. O tráfico de pessoas – tanto para o trabalho escravo, como para a exploração sexual e abuso de menores –, acontece com maior facilidade na região, pois as fronteira são imensas e a segurança e proteção que o estado oferece são mínimas. Também há a dimensão da pobreza e crescente desemprego o que pode levar as pessoas a caírem nas redes do tráfico humano. Então, é muito importante essa formação para os agentes de pastoral, pois a ação do tráfico acontece de forma velada, sutil, na clandestinidade”, destaca o bispo.
Para irmã Eurides Alves de Oliveira, membro da Comissão Episcopal Pastoral Especial de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB, “enfrentar o tráfico de pessoas é um compromisso pastoral, um dever social, uma prática e opção política”.
O Seminário “A força do cuidado no enfrentamento às violências: abuso, exploração sexual e tráfico de pessoas”, antecede o Seminário das Pastorais Sociais do Regional, que ocorre de 17 a 20 de junho. Segundo irmã Rose Bertoldo, Secretaria do Regional Norte 1, os seminário vêm ao encontro das causas assumidas pelo Regional. “No Regional nós temos causas permanentes que são: o enfrentamento às violências do abuso, exploração sexual, do tráfico de pessoas e do feminicídio e questão do fortalecimento das pastorais sociais. Então, os Seminários acontecem um após o outro o que contribui para o fortalecimento das ações, tanto no enfretamento às violências, como no fortalecimento às ações das pastorais sociais em nível de Regional”.
Com os saberes e experiências adquiridas no Seminário, as causas que geram as violências e o tráfico de pessoas, os participantes propuseram por dioceses e prelazias ações e processos de enfretamento para serem realizadas nos territórios e no âmbito da região, nos estados da Amazônia e de Roraima.
Na mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas deste ano, ele incentiva a avançar na luta e no enfrentamento ao tráfico de pessoas e toda forma de escravidão e exploração. “Convido todos a manterem viva a indignação - manter viva a indignação!”, disse ele, “e todos os dias encontrar forças para se comprometer com determinação nesta frente. Não tenham medo diante da arrogância da violência. Não se rendam à corrupção do dinheiro e do poder”, conclui Francisco.
O que é o tráfico de pessoas
Segundo a Convenção de Palermo – principal instrumento global de combate ao crime organizado transnacional, uma Convenção das Nações Unidas –, o tráfico de pessoas é caracterizado pelo “recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração”.