Dom Ricardo Hoepers, na missa de encerramento da Semana Laudato si', no Santuário de São Francisco de Assis, em Brasília (DF) | Foto: Osnilda Lima

Por Osnilda Lima | 6ªSSB-CNBB e Cepast-CNBB

Dom Ricardo Hoepers, bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), presidiu na manhã de domingo, 28, a missa de encerramento da Semana Laudato si’, no Santuário de São Francisco de Assis, na capital Federal.

Na homilia, dom Ricardo destacou o encerramento das atividades e a mobilização ocorrida em comemoração aos oito anos do lançamento da Carta Encíclica Laudato si’, do papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum. “Deus é infinitamente cheio de vida para nos dar, diferente uma da outra, mas se não harmonizarmos para o bem da humanidade, não vamos dar às futuras gerações um Planeta viável, uma família unida, uma herança que vai além dos bens materiais” ressaltou o bispo.

“Você quer deixar uma herança para seus filhos? Conquiste a paz, que é a harmonia da vida entre tudo o que foi criado: entre nós e Deus, entre nós e o outro e entre nós e a natureza”, desafiou o secretário-geral ao utilizar a alusão do Evangelho da missa do dia, do evangelista São João (Jo 20, 19-23), dia que a Igreja celebra a festa de Pentecostes: “Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: ‘A paz esteja convosco’”.

“Você quer deixar uma herança para seus filhos? Conquiste a paz, que é a harmonia da vida entre tudo o que foi criado: entre nós e Deus, entre nós e o outro e entre nós e a natureza”

Por fim, dom Ricardo acenou para o versículo 20 do Evangelho de São João, que fala das chagas de Jesus: nas mãos e no coração, devido o ato sofrido da crucifixão. O versículo diz: “Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado”, o bispo falou que hoje “as chagas abertas de Cristo, seu lado aberto, estão exatamente na exploração de toda a natureza e das pessoas”, sobretudo, disse ele: “quando isso traz uma chaga para o Planeta e no coração dos mais vulnerabilizados”. E, ao concluir a fala, convidou: “Vamos louvar a Deus por tudo o que recebemos, mas vamos nos comprometer a cuidar do Planeta, a cuidar da nossa vida, a cuidar do outro e a cuidar do futuro para as próximas gerações”.

No final da missa, Odair José Alves de Souza, mais conhecido como Dadá Borari, cacique da Aldeia Novo Lugar, localizada na Terra Indígena Maró, área habitada pelos povos Arapium e Borari, em Santarém, no oeste do Pará, e um dos quatro protagonistas do filme A Carta, que é inspirado na Encíclica Laudato Si’, fez sua súplica: “Nós enquanto indígenas, que defendemos a floresta, pedimos apoio de cada um de vocês: homens e mulheres, crianças e jovens; pedimos apoio em oração; pedimos apoio e coração limpo, para que a mensagem do papa Francisco possa inspirar em nossos corações, todos os dias, o cuidado da casa comum”, pediu.

“Defender o Planeta e principalmente a Mãe-terra é uma reponsabilidade não só de quem mora na Amazônia, mas é responsabilidade de cada um que acreditamos na fé, de cada um que inspiramos do mesmo Espírito. Que esse espírito de oração, de cada um de vocês: senhores e senhoras, possa ser oferta para quem está defendendo a Amazônia e que hoje está sendo criminalizado pelo chamado desenvolvimento sustentável, mas que para nós seres, que vivemos na floresta, é um desenvolvimento do cala-boca. Muitas vezes o desenvolvimento da morte”, rogou Dadá. “Quero pedir encarecidamente a todos: que possamos honrar esta lembrança que Francisco de Assis nos deixou, essa chamada de atenção na Laudato si’ que o papa Francisco nos faz pensar”, finalizou o cacique.

“Defender o Planeta e principalmente a Mãe-terra é uma reponsabilidade não só de quem mora na Amazônia, mas é responsabilidade de cada um"

Odair José Alves de Souza, mais conhecido como Dadá Borari, no Santuário de São Francisco de Assis, em Brasília (DF), missa de encerramento da Semana Laudato si' | Foto: Osnilda Lima

A Laudato si' é uma Encíclica do papa Francisco, na qual o pontífice faz sérias críticas ao consumismo desenfreado e predatório e ao desenvolvimento irresponsável. O Papa, no Documento, faz um apelo à mudança e à unificação global para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas que provocam danos socioambientais irreversíveis.

A Semana Laudato si’ 2023 marcou o oitavo aniversário da Encíclica histórica papa Francisco sobre o cuidado da criação, numa mobilização global. Promovida pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, o evento teve início no último domingo, 21 de maio, e terminou neste domingo, 28, dia de Pentecostes. A celebração foi global,

No Brasil, a programação contou com uma série de atividades em nível nacional, regional e local e promoveu em todas as regiões do Brasil um circuito de exibições do filme A Carta. Realizou encontros com lideranças religiosas, políticas e de movimentos sociais; audiência pública; oficinas para juventude um ato inter-religioso para a promoção da eco-espiritualidade, de estilos de vida com respeito à toda a criação e mobilização para o cuidado da casa da comum.

A ação foi mobilizada pela CNBB, Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), Movimento Laudato Si' (MLS), Casa Galileia e contou com parceria com diversas organizações.

Parte da equipe que mobilizou a Semana Laudato si', na missa de encerramento no Santuário de São Francisco de Assis, na capital Federal.